quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

A Coreografia




A coreografia

    Podemos inicialmente definir coreografia como a estrutura dada aos movimentos de dança para expressar determinada ideia. Observamos ainda que é o “desenho” da dança, criado para comunicar, por meio dos gestos dos bailarinos, onde são abertos a diferentes interpretações.
    Baseado em Costa (2005), devemos estudar a coreografia segundo três fenômenos – Estudos coreológicos da dança, fases da criatividade e composição das partes da coreografia, levantando considerações sobre o processo criativo na dança e o envolvimento dos participantes.
    A abordagem feita por Katz (2005) deu sua colaboração acerca da percepção nos processos criativos na dança, expondo três fases da percepção:
  • Percepto: o que vem de fora e é colhido pela percepção.
  • Percipuum: o percepto dentro do corpo, o exterior agora ao corpo encarnado.
  • Juízo da percepção: o percipuum transformado, pronto para ser desenvolvido ao mundo de fora.
    Tomando livremente essas três fases, vemos que os estímulos são colhidos, trazidos e encarnados no corpo que os transformam e os impulsionam para fora, em ação criativa. A ligação entre o dentro e o fora, o antes e o depois é a percepção (corporificada) produzindo a linguagem e assim dando inicio a criação coreográfica.
    O momento em que elaboramos a coreografia, manipulando os elementos da dança, combinando formas e os fatores de movimento, construindo as ações e os relacionamentos, incorporando os sons e o ritmo, enfim, é o momento da composição, o momento em que elaboramos a produção da dança, a qual o produto desse processo é a coreografia (Barreto, 2004).
    Encontramos ressonância em Lobo (2008), mostrando de forma mais metodológica a criação coreográfica, com base em três vértices do triângulo da composição: o imaginário criativo, corpo cênico (bailarinos, figurinos e cenários) e movimento estruturado (individual ou em grupo). Sabendo-se que o processo inicia através de táticas direcionadas ao vértice do triângulo o “imaginário criativo”, com base nas ideias iniciais.



    Muitas coreografias têm mais presente um ou outro vértice e suas ações podem ser consideradas como as palavras de uma escrita que, juntas, formam as frases. Onde cada ação carrega consigo, conteúdos e significados, abertos a várias interpretações, dependendo de seus arranjos com os demais componentes e em relação com seus outros dois vértices do triângulo.
    Outras metodologias que podem se integrar ao desenvolvimento de uma coreografia são, segundo Lobo (2008), a elaboração das narrativas a partir de fórmulas pré-definidas, pode ser uma coreografia “Narrativa”, onde temos uma ideia central como um fio condutor da dança. Ou também a fragmentação, que vai sendo tecida a lógica da coreografia a partir de materiais fragmentados e sem ligação, para cada um fazer sua interpretação dar seu sentido final, esta técnica é muito utilizada em criações contemporâneas.

    Quando pensamos que está terminada a criação, ainda podemos prosseguir mantendo-se em estado de escuta. Observe a composição que você criou, fazendo-se alguns questionamentos como: Suas ideias estão claras e fazem sentido pra você? A construção está coerente com o que você almejava? O que era pessoal agora pode ser considerado universal? Os interpretes apropriaram-se dos movimentos e das intenções que compõe a coreografia? O uso e a exploração do espaço estão adequados? Sua estrutura está interessante e inovadora? Entre outras (LOBO, 2008), fazendo assim, uma revisão geral da composição, realizando os devidos ajustes.
 


Bibliografia

    • BARRETO, Débora. Dança... Ensino, sentido e possibilidades na escola. Campinas- SP, 2004.
    • COSTAS, Ana Maria. O corpo veste cor: Um processo de criação coreográfica. Mestrado em Artes - Universidade Estadual de Campinas, 2005.
    • KATZ, Helena. Um, dois, três. A dança é o pensamento do corpo. Belo Horizonte, 2005.
    • LOBO, Leonora e NAVAS, Cássia. Arte da composição: Teatro do movimento. LGE Editora, 2008.
    • SÁ, Lanuzia Tércia Freire e TIBURCIO, Larissa  .La construcción coreográfica. Explorando sus procesos de composición.
 Elaborações coreográficas produzidas pelos alunos do Nise da Silveira sob as orientações das profªs. Denise Quelha, Cláudia Teresa e Viviane.
http://www.facebook.com/video/video.php?v=535224326490589

http://www.facebook.com/video/video.php?v=535227919823563

http://www.facebook.com/video/video.php?v=535217506491271


terça-feira, 20 de novembro de 2012

“Os gatos são os seres mais lindos, inteligentes e independentes do mundo. Essa é a razão por que os homens tem tanta dificuldade de se relacionar com eles e os perseguem indiscriminadamente desde o início dos tempos.”



Apresentação "Cats" na
E.M Brigadeiro Faria Lima
Ano 2007



http://www.youtube.com/watch?v=kVV9JVXiKv4
Assistam o vídeo da coreografia "Cats"
Professora Responsável: Denise Sá

 Mostra Regional de Dança
 3ªCRE-Teatro da Faetec de Quintino
Ano 2007





 

                                                                                   
                                                                                  
 


Equipe Pedagógica:

Lidia Megumi Saiki - ChefeI
Joselene Lemos - Aux. ChefeI
Cláudia Teresa - Dança
Denise Sá - Dança
Carmem Souza - Dança
Viviane Lima - Dança
Vanderlei Galvão - Teatro
Idemburgo Frazão - Arte Literária
Antônio Mandarino - Artes Visuais
Maria Celina - Artes Visuais
Jefferson Moreira - Música
Rodrigo Marconi - Música
Roseana Barbosa - Música
Fernando Faria - Produção de Eventos




N.A Nise da Silveira de casa nova

Desde 2010 estamos no Bairro de Higienópolis, localizados na Rua Darke de Matos 152,
3º andar da E.M Orosimbo Nonato. Clique no link acima e veja as nossas instalações!




segunda-feira, 19 de novembro de 2012

“Só os loucos e os artistas podem me compreender.”

Oficina de Teatro: Ensaio Geral
Auditório da Orosimbo Nonato/2012
Prof. Vanderlei Galvão
No palco as alunas
Bruna, Vanessa e Bianca atentas
ás orientações do professor de Teatro


Trabalho de preparação corporal
para a peça "O Vestido"
apresentado na Mostra de Teatro 2012
e Conexão das Artes 2012
Apresentação da peça "Fedra"
Teatro da Escola/2011

                                                    Oficina de Teatro

“Todo mundo deve inventar alguma coisa, a criatividade reúne em si várias funções psicológicas importantes para a reestruturação da psique. O que cura, fundamentalmente, é o estímulo à criatividade.”

Oficina de Violão
Prof. Jefferson Moreira
Oficina de Desenho
Prof. Antônio Mandarino


Oficina de Coral
Profª Roseana Barbosa
Oficina de Prática de Conjunto
Prof. Rodrigo Marconi
Gravação do Video Clipe para o FECEM
Local: parque das Ruínas/2012

                                                          

“A contaminação psíquica é pior que piolho. Vai passando de uma cabeça para outra, numa rapidez incrível. E, como você sabe, todo mundo já pegou piolho.”


Café Literário - Oficina de Arte Literária

A história de Nise da Silveira e do Núcleo de Arte

 

               Nascida em 15 de Fevereiro de 1905, Nise da Silveira dedicou sua vida à psiquiatria, se rebelando às formas de tratamento conservadoras da  sua época. Formou-se em medicina em 1926 e foi a única mulher dentre os 157 homens da turma. Aprovada em concurso público em 1933, Dr. Nise começou a trabalhar no Hospital da Praia Vermelha no Serviço de Assistência a Psicopatas e Profilaxia Mental.

               Durante a Intentona Comunista foi denunciada por uma enfermeira pela posse de livros marxistas. A denúncia levou à sua prisão em 1936 no presídio da  Frei Caneca por 18 meses.

               Em 1944, reintegrada ao serviço público, inicia seu trabalho no Hospital Psiquiátrico Pedro II.  No lugar das tradicionais tarefas de limpeza e manutenção que os pacientes exerciam sob o título de terapia ocupacional, ela cria ateliês de pintura e modelagem com a intenção de possibilitar aos doentes reatar seus vínculos com a realidade através da expressão simbólica e da criatividade, revolucionando a Psiquiatria então praticada no país. Em seu trabalho ele aponta as relações entre pobreza, desigualdade, promoção da saúde e prevenção da doença no Brasil.

                Em 1952, ela funda o Museu de Imagens do Inconsciente, no Rio de Janeiro, um centro de estudo e pesquisa destinado à preservação dos trabalhos produzidos nos estúdios de modelagem e pintura que criou na instituição, valorizando-os como documentos que abrem novas possibilidades para uma compreensão mais profunda do universo interior destes pacientes.

               Foi uma pioneira na pesquisa das relações emocionais entre pacientes e animais, que costumava chamar de co-terapeutas. Percebeu esta possibilidade de tratamento ao observar como um paciente a quem delegara os cuidados de uma cadela abandonada no hospital melhorou tendo a responsabilidade de tratar deste animal como um ponto de referência afetiva estável em sua vida. Ela expõe parte deste processo em seu livro "Gatos, A Emoção de Lidar", publicado em 1998. Em reconhecimento a seu trabalho, Nise foi agraciada com diversas condecorações, títulos e prêmios em diferentes áreas do conhecimento, entre outras:

  • "Ordem do Rio Branco" no Grau de Oficial, pelo Ministério das Relações Exteriores (1987)
  • "Prêmio Personalidade do Ano de 1992", da Associação Brasileira de Críticos de Arte
  • "Medalha Chico Mendes", do grupo Tortura Nunca Mais (1993)
  • "Ordem Nacional do Mérito Educativo", pelo Ministério da Educação e do Desporto (1993)

               Seu trabalho e idéias inspiraram a criação de museus, centros culturais, núcleos de arte e instituições terapêuticas similares às que criou em diversos estados do Brasil e no exterior, por exemplo:

  • o "Museu Bispo do Rosário", da Colônia Juliano Moreira (Rio de Janeiro)
  • o "Centro de Estudos Nise da Silveira" (Juiz de Fora, Minas Gerais)
  • o "Espaço Nise da Silveira" do Núcleo de Atenção Psico-Social (Recife)
  • o "Núcleo de Atividades Expressivas Nise da Silveira", do Hospital Psiquiátrico São Pedro (Porto Alegre, Rio Grande do Sul)
  • a "Associação de Convivência Estudo e Pesquisa Nise da Silveira" (Salvador, Bahia)
  • o "Centro de Estudos Imagens do Inconsciente", da Universidade do Porto (Portugal)
  • a "Association Nise da Silveira - Images de L'Inconscient" (Paris, França)
  • o "Museo Attivo delle Forme Inconsapevoli" (Genova, Itália)
  • o “Núcleo de Arte Nise da Silveira”, Programa de Extensão Educacional da Secretaria Municipal de Educação ( Rio de Janeiro)

               O antigo "Centro Psiquiátrico Nacional Pedro II" do Rio de Janeiro recebeu em sua homenagem o nome de "Instituto Municipal Nise da Silveira". E nosso Núcleo de Arte, fundado em 1994 e atuante deste então dentro deste hospital psiquiátrico, atendendo a alunos da rede pública municipal, também se batiza Núcleo de Arte Nise da Silveira em 2005. Homenagem justa a esta grande mulher que através da Arte conseguiu vislumbrar uma nova alternativa de tratamento revolucionando a psiquiatria e consequentemente oferecendo  qualidade de vida e melhora na auto-estima aos seus pacientes.

               Nosso trabalho tem muito de “Nise”. Nossas patologias são outras. Não somos médicos. Em nosso Núcleo somos todos professores/educadores e temos objetivos bastante parecidos: transformar através Arte. Nossa ferramenta é a Arte-Educação. Drª Nise usava a Arte-Terapia. Se pudermos comparar, nossas crianças são os nossos pacientes. Na sua maioria, nossos alunos vêm de comunidades muito carentes. Desde 2010 já estamos em outro bairro – Higienópolis - e atendemos alunos do Jacaré, Manguinhos e Complexo do Alemão. Inevitavelmente estabelecemos uma relação de cumplicidade com eles, conhecemos suas vidas, suas histórias... Muitos sofrem vários tipos de violência, mas a maioria se deve à segregação famíliar e à convivência permanente, asfixiante e envolvente com tráfico de drogas.

               Percebemos que neste espaço conseguimos criar vínculos e transformar a vida destas crianças. Muitos são os relatos: “o núcleo é a minha segunda família”, “por que o núcleo entra de férias?”, “hoje eu não tenho oficina  mas não quero ficar em casa”.

               O “vínculo” se dá através do fazer artístico e das diversas experimentações (relacionais, cognitivas e simbólicas). Isso acaba refletindo na auto-estima da criança, tornando-a mais segura e trazendo valores e significações nunca antes percebidos por ela e pela família.

               É um trabalho árduo, sempre em busca de uma educação através da arte e da criação, com disciplina, compromisso e, sobretudo, prazer e alegria. É uma escola concebida para atender aos interesses do aluno, já que ele a freqüenta e escolhe as atividades que deseja, dentro de seu tempo disponível no contraturno da escola regular.

                Atendemos a uma média de 450 alunos, que podem freqüentar quantas oficinas desejarem,  nas diversas linguagens de arte, que compreende: Arte Literária, Artes Visuais (Pintura, Desenho, Modelagem), Dança (Balé, Baby, Jazz, Sapateado, Hip-hop, Dança de Salão, Dança Livre), Música (Violão, Cavaquinho, Teclado, Flauta, Coral, Percussão, Prática de Conjunto), Teatro e Vídeo, além de alunos especiais.

               O Núcleo de Arte Nise da Silveira desenvolve um trabalho sério, orgânico e consistente com educação através da arte, feito por profissionais – professores do Município – a maioria com cursos de pós-graduação, mestrado e doutorado, especialistas nas linguagens em que trabalham. À Drª Nise, uma homenagem póstuma expressando aqui o orgulho que temos por dar o nome à nossa escola de Arte, pois trabalhamos por uma educação de qualidade que “cure” ou ao menos minimize as “patologias” deste novo mundo.

Joselene Oliveira de Lemos